Contos de fadas

Thursday, October 02, 2014

As Fadas - Perrault

Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas. A mais velha era comumente confundida com sua mãe, tanto elas eram parecidas em personalidade e aparência. As duas eram tão desagradáveis e arrogantes que ninguém conseguia ficar conviver com elas. A mais nova, que era a cara do pai em gentileza e doçura, era portadora de rara beleza. A mãe adorava a mais velha, já que se pareciam tanto; e odiava a mais nova com a mesma intensidade. Ela fazia a menina comer suas refeições na cozinha e trabalhar da hora em que o sol nascia até tarde da noite.   Uma das tarefas da pobre criança era ir duas vezes por dia buscar água na nascente que ficava a meia milha de distância, trazendo na volta um jarro pesado cheio de água. Um dia, quando ela estava na nascente, uma velha veio e pediu um pouco de água.  "Claro, senhora," disse a menina. Enxaguou o jarro e buscou pegar água da parte mais limpa da nascente. Entregou o jarro à mulher e ajudou a erguê-lo para que ela pudesse beber mais facilmente.  Essa velha mulher era uma fada, que tomou a forma de uma pobre camponesa para ver até onde irira a bondade da menina. "Você é tão bonita," ela disse ao acabar de beber, "e tão educada, que vou te conceder um dom", e a fada continuou, "que para cada palavra que você diga uma flor ou pedra preciosa saia da sua boca."  Quando a menina chegou em casa, sua mãe a recebeu com broncas por ter demorado na nascente.  "Por favor, me desculpe, mãe," disse a pobre criança, "por ter demorado tanto," e enquanto ela falava essas palavras, três rosas, três pérolas e três diamantes saíram de sua boca.  "O que estou vendo?" gritou a mãe. "Será que vi pérolas e diamantes caindo de sua boca? O que você fez, minha filha?" (Era a primeira vez que ela a chamava de 'minha filha')  A pobre criança contou o que aconteceu, espalhando incontáveis diamantes enquanto falava.  "É claro!" gritou a mãe. "Tenho que mandar minha filha mais velha para lá. Venha, querida. Veja o que sai da boca de irmã enquanto ela fala! Você não gostaria de ter o mesmo dom? Tudo o que precisa fazer é ir à nascente pegar água e, quando uma velha te pedir um pouco de água, você dá a ela gentilmente."  "Você quer que eu vá até a nascente?" respondeu a mal-educada garota.  "Estou dizendo que você tem que ir," respondeu a mãe, "e agora mesmo!" De muito mau humor a garota saiu levando com ela o melhor cantil de prata da casa. Tão logo ela chegou à nascente, ela viu uma mulher vestida majestosamente, que veio até ela e pediu um pouco de água. Era a mesma fada que havia aparecido para a irmã, mas ela estava disfarçada de princesa para ver até onde iria a falta de educação da garota.  "Você acha que vim até aqui só pra pegar água pra você?" disse a garote de maneira rude. "Você acha que eu trouxe um cantil de prata até aqui só pra dar água para uma madame? Sim, é bem isso que você pensou! Pegue a água você mesma, se quiser!"  "Você não é muito educada," disse a fada calmamente. "Bem, em troca por sua falta de cortesia eu garanto que, a cada palavra que você disser, uma cobra ou um sapo saia de sua boca."  Tão logo a mãe viu a filha chegando em casa, ela gritou "Como foi, filha?"  "Foi, né, mãe?" respondeu rudemente a garota. E enquanto ela falou, duas víboras e um saposaíram de sua boca.  "Deus do céu!" gritou a mãe. "O que eu vejo? A culpa é da sua irmã. Ela vai pagar por isso!"  Ela correu para bater na menina, mas a pobre criança conseguiu fugir floresta adentro. O filho do rei, voltando de uma caçada e vendo como a menina era bonita, perguntou à menina o que estava fazendo sozinha na floresta e por que ela estava chorando.  "Oh, meu bom senhor, minha mãe não me quer mais em casa."   Enquanto ela falava, o filho do rei viu saírem de sua boca cinco ou seis pérolas e alguns diamantes. Ele pediu que ela contasse como isso aconteceu, e ela relatou toda a história.  O filho do rei se apaixonou por ela, e considerando que o dom que ela tinha recebido valia muito mais e superaria qualquer dote de outra moça, ele a levou ao palácio de seu pai, onde casaram.  Quanto à irmã mais velha, ela se tornou tão odiosa que sua própria mãe a expulsou de casa. Ninguém queria abrigar a pobre miserável, então ela foi a um canto da floresta onde morreu.  Moral:
Diamantes e ouro podem 
Trazer maravilhas para você;
Mas uma palavra delicada 
Vale mais que a moeda dourada.
Another Moral:
Mesmo que, em algum momento,
Seja difícil ser gentil,
Geralmente isso vai te fazer bem 
Exatamente quando você não espera.

  • Source: Perrault's Fairy Tales (New York: Dover Publications, Inc., 1969), pp. 61-64. This translation is from Old-Time Stories told by Master Charles Perrault, translated by A. E. Johnson (Dodd Mead and Company, 1921). Translations of the verse morals are from Perrault's Fairy Tales, translated by S. R. Littlewood (London: Herbert and Daniel, 1912).

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