Contos de fadas

Monday, October 06, 2014

Miriel

Era uma vez uma menina linda de olhos radiantes. Sua disposição era tão bela quanto sua fisionomia: estava sempre alegre e sempre pronta para ajudar. Todos a admiravam e gostavam de sua companhia. Seu nome era Miriel e muitos diziam que se parecia com um anjo.

Após a morte de seus pais, quando ela tinha apenas quatro anos, uma tia veio para cuidar da menina e da propriedade.

Essa tia tinha duas filhas. Elas não eram feias, mas suas atitudes faziam com que ninguém as admirasse e nunca eram chamadas para as conversas ou passeios. A comparação delas com a sobrinha fazia com que isso ficasse ainda mais evidente. A tia sentia muita inveja da afeição que a menina recebia dos vizinhos e que ela não via direcionada às suas filhas. Como forma de castigar a menina, ela a fazia vestir-se em trapos e fazer todo o serviço da casa, além de castigá-la sem motivos.

Às vezes, quando a tia achava que algum serviço não ficou a contento, ela batia na menina com um chicote até que o sangue começasse a brotar nas costas do vestido.

A pobre menina não sabia a quem recorrer para defender-se da situação e aceitava as ordens da tia.

Um dia, tendo terminado os trabalhos de casa, ela foi até o bosque e deitou-se sob uma cerejeira. Admirando as florezinhas cor-de-rosa, ela se imaginou livre das maldades da tia. Fechou os olhos e começou a chorar. Sentiu uma brisa leve no rosto e pétalas das flores de cerejeira caíram como neve sobre ela, curando suas feridas.

A menina abriu os olhos e viu um vulto branco passar diante de si. Ainda com o sono em seus olhos, ela, por um momento, achou que pudesse ser a tia, mas logo viu que não era.

O vulto flutuava em sua direção. Antes que a menina pudesse esboçar qualquer reação, uma voz suave falou "Fique em paz, minha criança, estou olhando por você e sei o que você tem passado. Isso não irá durar muito."

A menina quis perguntar, mas, antes que pudesse, o vulto disse "Sua tia esconde algo de você."

"Vá ao quarto dela e pegue a chave que ela esconde em baixo de seu travesseiro. Essa chave abre um baú que ela mantém dentro do armário."

A menina voltou para casa pensando na surra que levaria por ter se afastado de casa por tanto tempo e em como entraria no quarto da tia, já que era proibido entrar lá.

A surra foi enorme e a menina ao ir dormir não podia deitar-se com as costas no colchão em razão das profundas feridas. Deitou-se de lado e, pouco antes de cair no sono, viu o vulto branco passando pelo corredor da casa em direção ao quarto da tia.

Ela resolveu seguir o vulto. Ao chegar em frente à porta, o vulto a abriu sem fazer nenhum barulho e desapareceu. Vendo que era seguro, Miriel entrou e fez conforme havia sido orientada: pegou a chave e abriu o baú. Dentro do baú, havia um envelope. A menina pegou o envelope e colocou de volta a chave e o baú em seus lugares.

Voltando para seu quarto, lá encontrou o vulto que agora tirava o véu que cobria o rosto: era sua mãe. As duas se abraçaram e o abraço curou as novas feridas da menina. Neste abraço, o espírito da mãe desapareceu deixando apenas um perfume de cerejeira.

A menina então abriu o envelope e percebeu que ali estava a escritura da casa em nome de seus pais - e ela que sempre pensou que morava de favor na casa da tia!

Assim que amanheceu o dia, ela solicitou à guarda local a retirada da tia e suas duas filhas da casa e deu queixa dos maus tratos sofridos por todos estes anos.

A tia foi presa e as duas filhas foram morar no casebre em que viviam antes.

E as cerejeiras em volta da casa sempre estavam floridas deste dia em diante.

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